quarta-feira, 13 de março de 2024

Quadrilha



"João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história."

(Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

"Quando a situação for boa, desfrute-a. Quando a situação for ruim, transforme-a. Quando a situação não puder ser transformada, transforme-se."

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Horóscopo

Talvez os horóscopos estejam errados 
Como discos riscados, telefones quebrados
Ou muitos gatos em cima do telhado
Cujas vozes querem muito dizer,
Querem a todos convencer,
Dizendo a verdade sobre quem é você.

Talvez a astrologia tenha falhado ao me descrever
Talvez eu nunca vá saber o porquê 
que o meu ascendente se destaca mais, sem eu mesma escolher
A astrologia diria que eu sou racional e posso ser muito fria
Mas sabemos que são só palavras em vão 
Pois artística é a veia que contorna o meu coração 

Será que sou de gêmeos ou de sagitário?
Eu nasci aqui, mas não me lembro o horário
Será que meu mapa tá todo ao contrário?
Será que sou de Londrina ou de Balneário?
Será esse o cenário desse monólogo diário?
Nas cartas à mesa existe um atalho?
Onde é que eu me desenbaralho?

Não sei, não sei...
Mas você devia me conhecer.

sexta-feira, 17 de março de 2023

Eu queria te desconhecer

Só pra depois te conhecer tudo de novo

E dessa vez não entrar no seu jogo

Achar desculpa, motivo e porquê

Te tocar, mas sem me queimar no teu fogo

Encontrar antídoto, refúgio e alívio

Me proteger de você.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Fala

Eu falo. Falo muito. Falo pelos cotovelos. Tagarela, espevitada, ansiosa e acelerada.

Falo acordando, ao caminhar, comendo, brincando, chorando, dormindo.

Falo porque existo. Porque preciso estar consciente do que sinto.
Falo porque o peito grita. Para me lembrar que estou viva. Que sou de carne, mesmo ela quase estando no osso. Para me lembrar que quando se arranha arde, que quando machuca arranca, que quando derrubam, eu caio, mesmo achando que não. Falo e grito porque chorar as vezes não basta. Para me lembrar da dor quando me esqueço. Para estar consciente que ainda existo, apesar de. Do nada, do tudo, e de todas as coisas que deixam de ser importantes quando o tempo passa, mesmo quando a carne ainda parece sangrar.

Falar parece não mudar nada, mas me lembra de tudo. Porque falar, às vezes não me leva a causa, mas surte efeito. Me lembra que tenho raiva, que tenho rancor, que tenho desejo e que tenho amor.

Falo porque quando me perco no silêncio, descubro que às vezes ele é a morte de coisa alguma, ou do todo que me resta. Nunca se sabe.
Falar me leva ao chão enquanto me encaminha para o perdão.

Falo porque palavras me deixam viva, mesmo quando acho que estou prestes a partir.

(Autora: @daniquartezani )

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

 

  

Há borboletas em todo lugar. As borboletas que deveriam estar no meu estômago, estão voando pelo meu corpo inteiro. Entre uma perna e outra, passando pelos meus pés, joelho e cabelo.

Elas contornam meu pescoço e brincam sobre meu rosto, que ao sol exposto reluz suas asas a bater. Borboletas atravessam diante dos meus olhos e pousam no meu nariz trazendo o gosto de mais uma vez me apaixonar e de sempre ficar por um triz.

Sobrevoam o meu ventre, minhas costas, tropeçam nos meus ombros, seios, umbigo e em todas as palavras que você me diz. Eu tento me afastar, mas elas querem ficar comigo e assim me fazer mais feliz.

E pra finalizar seu vôo, elas entram na minha orelha e deslizam pela minha boca, como eu sempre quis. Pra depois irem embora, correndo pelo meu clitóris, subindo nas minhas coxas e escorrendo pelos meus quadris.

Há borboletas em todo lugar, no meu peito vazio por falta do seu abraço, nas minhas mãos pequenas e nos meus dedos em pedaços. Certamente não existe em mim um espaço, em que as borboletas não consigam dançar. 


sexta-feira, 4 de novembro de 2022



Eu te amo como um sentimento desperdiçado, feito água que cai pelo ralo, que se perde e nunca mais se vê.

Eu te amo como um leite derramado, no chão ou no fogo depois de ferver. As águas passadas que aqui habitam, nunca se secam e insistem em verter. 

Me perco em mim pra me encontrar em você, mas perco você sem nunca ter me ganhado pra conseguir perder.



domingo, 14 de agosto de 2022


"Aprendi a mergulhar no teu mar.
Nunca amei alguém como amo você.
Nunca admirei alguém como admiro você.
É que o amor, é algo diferente, mas que nos dá vida.
Foi por amor que Jesus veio e é por amor que somos salvos.
E eu mergulhei profundamente no seu rio e ainda assim não me afoguei.
Aprendi a nadar e a cada vez mais te amar...
Vi seus erros, seus pedaços de uma madeira molhada, mergulhada no seu mar.
E apenas tive vontade de consertar.
E tive mais vontade de ficar.
Encontrei alguns tubarões dos quais quase me atacaram mas ainda assim continuei lá...
Aprendi a acalmá-los e amá-los.
Pois o seu defeito, pode ser o mesmo de muitos e os mesmos dos meus...
Daquele rio não queria mais sair.
Queria poder ficar lá, mergulhar e mergulhar...
Para aos poucos te encantar, te mostrar as coisas que pode estar perdendo...
Tudo pra te ver bem
Mas
Nem tudo é como queremos
E...
Talvez seja melhor apenas aceitar, que um dia eu mergulhei fundo
 e não me arrependi de te amar..."
(Isadora Melo)